Um celeiro de compositores

 Cultura-Clébio Medeiros

Conhecida como celeiro de instrumentistas renomados, com destaque principalmente nas vertentes erudita, jazzística e bluseira, Natal ainda está longe de ser um pólo criador do autêntico forró. Mas, no que depender do Festival Forraço, esse quadro pode ser revertido com a revelação de novos compositores. A primeira noite de eliminatórias do Forraço - Encontro Regional de Forró, promoção da Inter TV Cabugi, aconteceu nesta quinta-feira (23) e foi marcada pela agilidade na troca de palco e, principalmente, pela presença de artistas e compositores desconhecidos do grande público. Esta é a nona edição do evento, que selecionou 32 músicas que concorrem a premiação em dinheiro - em cada uma das seletivas, realizadas durante o "Natal Forró da Gente" da Prefeitura municipal no Ponto Sete em Ponta Negra, foram selecionadas sete composições. As 14 canções selecionadas irão participar da etapa final, marcada para esta próxima terça-feira (28), no estacionamento do ginásio Nélio Dias, zona Norte. 

Aldair DantasPrimeira Semifinal do Forraço atraiu grande público no Ponto 7. A final será na zona norte

Acompanhados pela banda Forraço, formada por onze músicos sob o comando do maestro Franklin Nogvaes, os artistas se revezaram em uma maratona musical sob o olhar atento dos cinco jurados responsáveis pela escalação durante as eliminatórias. A banca formada por Valderik Filé,  percussionista e representante da Orquestra Sanfônica; Breno Rodrigues, baixista e professor de música; Emanoel Sanfoneiro, cantor e compositor; Bruno Leonardo, tecladista e professor de música; e a pianista e professora da Escola de Música da UFRN Maria Clara Gonzaga, tinha como foco avaliar a letra e seu perfil tradicional.

"Além de verificarmos se a letra está dentro da temática proposta, que é evidenciar a regionalidade e a tradição, avaliamos também se o conteúdo é apelativo e se o compositor demostra paixão pela música em vez de visar o lado comercial. Tudo isso conta ponto na hora de conceder a nota final", comentou Filé sobre os critério de avaliação adotado. Cada música recebia apenas uma nota de cada jurado.

No mesmo camarote onde o corpo de jurados estava instalado, o presidente da Fundação Cultural Capitania das Artes também acompanhou de perto as performances. "Participei das duas primeiras edições do festival, quando ele ainda se chamava Canta Nordeste. Nessa época, o evento era itinerante e a grande final do RN era em Mossoró", lembra Lima, autor e intérprete das músicas "Forró de Zé Menininho" e "Fabião das Queimadas", respectivamente terceira e a segunda colocadas.

As primeiras sete selacionadas foram as músicas "Cheiro de você", de Ton França; "Santana do Matos meu torrão amado", de Ivando Monte; Cavaleiros dos sonhos", de Zeca Brasil; "Olhos vermelhos", de João batista de Souza Júnior; "Eterna campeã", de Ana Paschoal; "Fulô do mato", de Alan Nobre, neto de Chico Elion; e "Chuva de bala", de José Willian Guedes e interpretada pela cantora Ângela Castro (Rosa de Pedra).

"Fiz praticamente todos os arranjos, e dou sempre uma revisada geral para nada sair dos eixos. Os ensaios foram puxados", garante o maestro Franklin Nogvaes. "A partir das ideias de cada compositor, da melodia, monto os arranjos e muitas vezes mudo até a forma da música", disse antes de se despedir do Ponto Sete. Além de Nogvaes nos teclados, a banda Forraço contou com dois guitarristas (um deles Jubileu Filho), sanfona, dois percussionistas, três vocais, bateria, e o baixista Paulo Milton. "É interessante ressaltar que o Festival está aberto as novas tendências, mistura de ritmos, inserção de tecnologias, mas tudo com a música potiguar e o forró tradicional como pano de fundo, "finaliza o maestro. As 14 finalistas serão avaliadas por seis jurados e a grande campeã receberá R$ 1,2 mil mais um clipe promocional com exibição na Inter TV.

Serviço: Forraço. Finalíssima acontece próxima terça, 20h, no Ginásio Nélio Dias, zona Norte. Entrada franca.
Fonte: Tribuna do Norte